Antes de mais, um desabafo

Nem sei como colocar todos estes pensamentos num seguimento lógico e coerente, quanto mais em palavras, mas bora tentar...

Vamos então começar pelo significado de se ser (neste caso) madrinha de praxe de alguém. No geral, este termo tem um significado legal, religioso, afetivo e social, mas se pensarmos numa visão mais simples, entendemos por madrinha aquela pessoa que testemunha a vivência e crescimento de toda uma educação quando o/a afilhado/a escolhe essa mesma pessoa para passar a representar na sua vida algo mais do que os demais amigos e conhecidos.

A madrinha deve ser uma pessoa com princípios e valores semelhantes aos nossos, uma pessoa capaz de mostrar interesse, preocupação e amor de forma verdadeira e sincera pelos afilhados, capaz de os orientar sobre as melhores escolhas e atitudes, trazendo clareza e apoio diante de adversidades e/ou oportunidades no decorrer de suas vidas.

Ora portanto, posto isto e assim sendo, não percebo certas atitudes que à minha volta se passam. Não percebo o facto de eu querer ensinar e fazer ver certas coisas e levantarem-me a voz, batendo pé e fazendo peito. Como já referi, não sou uma simples amiga, também possuo o grau de madrinha e, por vezes não vais gostar do que vais ouvir, por vezes poderás pensar que estou a ser injusta mas, se pensarem bem, verás que tudo o que faço e digo é para que tu cresças como pessoa e aprendas com os teus erros. Assim sendo, não percebo o porquê de ficares tão ofendida quando a tua madrinha te diz algumas verdades e, em contra partida, seres toda sorrisos para quem não se preocupa minimamente contigo e só te ter por perto quando lhes convém. Será que estarei a ser protetora demais e a exigir algo que tu ainda não conseguiste atingir, tomando-o como garantido? Talvez. Mas então das duas uma, ou começar a ouvir o que te digo, ou começo-me a calar e a não dar a minha opinião. Talvez seja por isso que estou a escrever este desabafo pois estou a aperceber-me que não vale a pena falar, volta tudo ao mesmo.

Claramente que possuímos uma relação de amizade mas, por alguma razão me escolheste para madrinha e, voltando ao mesmo, se fosse para sermos só amigas e o "dá cá mais cinco, vamos mas é beber uns copos" era escusado possuímos o grau de madrinha/afilhada. Lamento que não estejas a perceber bem como funciona o grau de madrinha/afilhada e que existem um certo tipo de "regras" se assim lhes puder chamar as quais implicam o mesmo grau. Madrinha não é apenas a pessoa que te dá melhor, não é só a pessoa que ajuda quando tu achas que tudo está errado na tua vida, não é só a pessoa com tens mais afinidade. Para isso tinhas uma melhor amiga. Madrinha é uma pessoa com quem te das muito bem, tendo tu ciente de que é uma pessoa com mais vivência do que tu, devendo ser respeitada, e que, assim sendo, te dá na cabeça e te faz (ou tenta fazer) ver o que estás a fazer de errado, repreendendo-te quando assim for necessário, é uma pessoa com quem podes contar sempre e alguém com quem tens à vontade para expor os teus problemas, dúvidas e medos, assim como as tuas alegrias e conquistas.

Conselho: Começa a ver o que se passa à tua volta e a perceber o que a tua madrinha te diz. Não tenho qualquer gosto em estar sempre a avisar-te de certas coisas e a levar respostas tortas da tua parte pois achas que estou meramente a dar-te na cabeça só porque sim. Começa a perceber que o mundo não gira à tua volta nem à volta dos teus pensamentos, quereres e afazeres. Uma pessoa está aqui para ajudar e ouvir, não para ser impingida a algo ou a levar uma resposta menos boa só porque a minha opinião não vai de encontro com a tua. Começa a perceber que se te repreendo é para teu bem pois quero que cresças como pessoa e  que sejas feliz. Se não me importasse minimamente contigo passar-te-ia apenas a mão na cabeça, bebíamos uns copos e quando não precisasse da tua companhia ou de algo que te pertence não te ligava nenhum, deixando-te aí "numa beira". Já não tens quinze anos, começa a comportar-te como mulherzinha que és e começa a alargar horizontes e a perceber tudo o que acontece e é dito de forma clara e adulta. Vou estar sempre aqui para te apoiar, gosto muito de ti, sabes que sim, mas também sabes que não admito certas coisas e atitudes. Não leves como uma crítica negativa, mas sim construtiva ;)